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O MAPA DO CARGO E A TAXIONOMIA DE BLOOM – Alinhando os verbos ao CBO e à formação.

A necessidade de a área de Gestão de Pessoas ser estratégica é antiga e latente.    Com ciclos cada vez mais rápidos, as transformações e pivotadas¹  do mercado estão refletindo na busca de ajustes e novos modelos, conceitos e ferramentas. Para estruturar esta busca, devemos fazer um pensamento top down e bottom up. O primeiro porque a Gestão de Pessoas tem que estar alinhada às estratégias organizacionais e desdobrada por todas áreas por meio de suas políticas. Por outro lado, as pessoas são a chave de transformação e execução dos processos e serviços para satisfazer os clientes e visando Agregar Valor ao negócio. Destarte, as pessoas precisam saber, entender e externar suas atribuições (tarefas) e competências por meio de um comportamento que se traduza em qualidade. Embora seja um ponto que damos pouca importância nas organizações, o Mapa do Cargo é o coração da gestão estratégica, direcionando: metas, procedimento, capacitação, avaliação de desempenho, recrutamento e seleção, PCCS etc. O objetivo deste artigo é trazer a importância e uma proposta de elaboração do Mapa do Cargo, associando a Taxionomia de Bloom e CBO.

O Mapa do Cargo

Muitos autores discorrem sobre o Mapa do Cargo. Vejamos o que diz Chiavenato (2004):

[…] “a descrição de cargo (Mapa do Cargo) é um retrato simplificado do conteúdo e das principais responsabilidades do cargo […] o retrato comum de uma descrição de cargo inclui o título, sumário das atividades a serem desempenhadas e as principais responsabilidades do cargo.”

Para Leme (2005), “É muito comum em todos os tipos e tamanhos de empresas que seus colaboradores seja cada vez mais multifuncionais. Assim, em uma análise, precisamos sabe o que o colaborador deve efetivamente fazer, que são as atribuições da função.”

Segundo alguns especialistas, o Mapa do Cargo é composto por três partes:

    • Cabeçalho: contendo informações gerais do cargo, tais como: nome, lotação, CBO, salário, descrição sumária ou missão do cargo;
    • Descrição: composta pelas atribuições, ou seja, atividades que o ocupante irá exercer, e por serem uma ação sempre devem iniciar com o verbo no infinitivo; e
    • Análise: devida em pré-requisitos, outros fatores do cargo e competências.

 

Para realizarmos a Descrição do Cargo se faz necessário o levantamento do conteúdo do cargo, ou seja, o que faz, quando faz. Para a elaboração das atribuições, que é o foco do nosso estudo, é avaliar a necessidade do cargo e não da pessoa que estar neleou seja, avaliar o cargo com a “cadeira vazia”. Quando estamos definindo o cargo e fazemos a pergunta: “O que você realiza neste cargo?” A resposta geralmente é: “Sou Brombrill, faço tudo”. Alguns especialistas alertam que o “como” a atividade é executada, ou seja, seu procedimento, não deve entrar nas descrições das atividades, pois sua mudança é mais frequente, o que levaria a uma necessidade constante de ajustes, apesar de que o cargo deve refletir a atividade atual.

Com o advento do e-social, tornou-se obrigatório associar o CBO² ao cargo para ser transmitido aos órgãos competentes por meio do Departamento de Pessoal. É neste contexto, que a Taxionomia de Bloom torna-se uma ferramenta muito importante.

A Taxionomia de Bloom

A Taxionomia de Bloom é uma ferramenta amplamente utilizada, principalmente, na educação. Em 1948, Bloom coordena um projeto sobre objetivos de processos educacionais, idealizado pela American Psycological Association. Bloom e sua equipe definiram que o domínio específico de desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor seria o primeiro passo em direção à execução da responsabilidade, há princípio, escrita com substantivo, dando ideia de uma escada para que docente pudesse pensar na aprendizagem gradual de seus alunos, com figura abaixo:

Figura I – Categorias de domínios proposta por Bloom.

Modelo Visual da Taxionomia de Bloom.

Nos anos 1990, há um movimento para revisão da Taxionomia original, capitaneada por um aluno de Bloom, Lorin Anderson, passando a utilizar verbos:

Figura II – Categorias de domínios revisada por Lorin Anderson

Modelo Visual Revisado da T. de Bloom.

Embora tenha sido desenvolvida para processos educacionais, a Taxionomia de Bloom pode ter grande aplicação na elaboração dos Mapas dos Cargos, pois cada categoria abrange um conjunto de verbos que podem auxiliar na elaboração das atribuições, atividades ou tarefas.

Em nosso estudo vamos nos concentrar no cognitivo, tendo em vista sua maior aplicação nas descrições das atribuições dos cargos. Pois, é notória a dificuldade na definição do verbo adequado a ser utilizado em cada atribuição, principalmente, de acordo com sua importante, peso ou nível do cargo: estratégico, tático ou operacional.

Metodologia de Aplicação da Taxionomia de Bloom ao Mapa do Cargo.

Tomei a liberdade de estruturar as categorias da Taxionomia de Bloom em três níveis: estratégico, tático e operacional, sendo esta é estrutura mais presente no mundo corporativo quando da elaboração do organograma, conforme abaixo:

Figura III – Mapa do Cargo e a Taxionomia de Bloom.

Assim, não poderíamos escrever uma atribuição – atividade –, para um cargo com CBO enquadrado em nível operacional, com o verbo “analisar”, pois analisar é uma atribuição de analista, ou seja, nível superior. Para conhecer alguns verbos a serem utilizados em cada categoria, sugerimos a leitura do Anexo I.

Vale ressaltar, que a figura acima foi estruturada para termos um norte da utilização da Taxionomia de Bloom na elaboração das atividades do cargo. Cabe ao profissional responsável pela elaboração do Mapa do Cargo avaliar os níveis hierárquicos, o porte da organização e, principalmente, o enquadramento do cargo no CBO.

Portanto, a Taxionomia de Bloom é uma ferramenta poderosa para a orientação do verbo a ser utilizado quando da elaboração das atribuições no Mapa do Cargo, auxiliando no direcionamento das ações, respeitando o nível de escolaridade e da posição de cada cargo, objetivando o aumento da eficiência e eficácia. Agora é só pegar os Mapas dos Cargos e fazer o alinhamento com o CBO e a Taxionomia de Bloom. Foco na ação!

Não deixe de ler também:

O Mapa do Cargo – A importância de definir papéis.

O Mapa do Cargo – A importância de definir prioridades.

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¹ Dar uma guinada no rumo do negócio que não está tendo o sucesso esperado.

² Classificação Brasileira de Ocupação

ANDERSON, L. W. et al. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revison of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives. New: Addison Wesley Longman. 2001.

LEME, Rogério. Aplicação prática de gestão de pessoas: mapeamento, treinamento, seleção, avaliação e mensuração de resultados de treinamento/Rogério Leme – Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações / Idalberto Chiavenato. Rio de Janeiro : Elsevier, 2004 – 4ª Reimpressão.

Robson Nunes

Mestre em Gestão Pública pela UFPE, com foco em estratégias públicas. Pós-graduado em Gestão de Pessoas e Marketing Estratégico pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UfiFOA). Possui graduação em ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS pela Universidade Estadual de Alagoas. Sócio-Diretor do Instituto Edna Tizeu. Atuou como Diretor de Planejamento Estratégico da Associação Brasileira de Recursos Humanos – ABRH-AL. Tem experiência em consultoria na área de Administração, com ênfase em Gestão e Planejamento Estratégico, Recursos Humanos, Gestão de Projetos, entre outros. Blue Belt – Lean Manufacturing . Professor de graduação e pós-graduação. Formação em Coaching Multifocal pelo IMCC – Instituto Multifocal e formação internacional em Master Coaching, Mentoring e Holomentoring com foco Professional, Self & Life Coaching e Team, Leadership & Executive Coaching, pelo sistema ISOR do Instituto Holos.